Afinal o Porto continua à venda

Os navios Funchal e Porto atracados em Lisboa esperam rumo para continuarem a navegar
(foto: Luís Miguel Correia)
Afinal, a notícia que avançamos ontem, sustentada num broker internacional, acerca da venda para sucata do navio de cruzeiros Porto (ex-Arion) poderá não corresponder à verdade pois uma fonte conhecedora do processo em Portugal garante que o decano paquete continua à procura de novo dono, tal como o Funchal, que também está atracado em Lisboa há muito tempo. Confrontado com esta situação, o brocker não responde pelo que se admite, realmente, que o navio possa continuar na praça, sem destino traçado.

Aliás, uma pesquisa posterior permitiu ver que o navio está à venda em diversos outros brokers, curiosamente por valores muito distintos, que vão de 7 milhões de dólares (no mesmo onde o Funchal está à venda por 8 milhões de euros) a 1,1 milhões de euros. No entanto, no referido brocker, o navio continua a ser dado como vendido, tal como acontece com mais dois ou três navios onde esteve ou está à venda, entre muitos outros paquetes conhecidos.
Sendo assim, partindo do princípio que continua à venda e que tenha sido um lapso do brocker, que apesar de tudo nos disse que tinha sido vendido para sucata, o navio de cruzeiros da Portuscale Cruises, Porto, está no mercado.
Apesar de ter sido o primeiro paquete a ser revitalizado, em 2013 (embora tivesse sido reconstruído em 2000), pela então recém criada empresa criada em Portugal por Rui Alegre, nunca chegou a fazer qualquer cruzeiro para o novo dono. O mais longe que navegou foi para mudar de cais, em Lisboa.
Desde 2015 que este navio construído em 1965 estava à venda.
Na realidade, tanto quanto se sabe, o Porto, ex-Arion, nunca teve uma previsão real para a sua utilização. Era o navio mais pequeno da frota, com capacidade para apenas 320 passageiros, que podiam ficar nos seus 162 camarotes, e cerca de 130 tripulantes.
Recorde-se que a Portuscale Cruises foi um armador português que surgiu em 2013 após a falência no ano anterior da Classic International Cruises, uma companhia de cruzeiros grega que tinha base em Portugal. A frota da CIC, apesar dos problemas que tinham os seus navios com dívidas em vários portos, foi a leilão. Uma oportunidade para o empresário do setor imobiliário Rui Alegre entrar no negócio dos cruzeiros marítimos. Investiu cerca de 90 milhões de euros na aquisição e recuperação dos navios, que passaram a ter uma aparência tradicional e transversal a todos eles, com casco escuro e casario branco e chaminé amarela.
Adquiriu uma frota de quatro navios da companhia e lançou a companhia. A intenção era operar em roteiros na Europa e igualmente em outras áreas que antes haviam sido mercados da CIC, e da companhia anterior, a Arcalia Shipping, como o Brasil e a Austrália.
O Funchal, construído na Dinamarca em 1961, era a estrela da companhia.
Os outros navios eram o Azores (ex-Athena, de 1948), o Lisboa (ex-Princess Danae, de 1955) e Porto (ex-Arion, de 1965).
Hoje, o que podemos escrever acerca desta frota é que o Lisboa e o Porto não chegaram a operar para Portuscale. O ex-Princess Danae foi último navio a entrar em doca. Mas teve as obras de modernização suspensas em 2014, ao que se sabe, depois dos novos donos alegarem que o seu estado estava pior do que pensavam, onerando, dessa forma, os trabalhos de recuperação. Acabaria por ser vendido com as alterações inacabadas para a sucata.
Quanto ao Azores, o mais velho da frota foi o único que acabou por ter mais sorte. Esteve sempre em operação, fretado por diversos operadores europeus.
Em 2014 foi fretado para a companhia inglesa Cruise & Maritime Voyages, que dispõe de uma frota de navios mais clássicos. O navio mudou de nome nesse ano para Astoria.
Neste momento, o Porto e o Funchal estão atracados em Lisboa a aguardar um novo destino.

1 comentário:

  1. O PORTO de facto não está vendido.Muitos supostos "brokers" de navios são essencialmente especuladores que criam um espaço virtual onde metem navios à venda sem que ninguém lhes peça para tal. A técnica é pedir um preço superior ao razoável e sem alguém morder o isco, ir ter com o armador na esperança que haja sempre um preço para tudo. Alguns usam fotografias minhas roubadas do meu site. Ao contrário do que esta sua notícia sugere, o PORTO foi o primeiro navio da Portuscale a ser certificado e reparado em 2013 porque tinha um programa de cruzeiros para efectuar nas ilhas gregas, fretado a um operador pouco recomendável, que não pagou sequer o sinal do contrato e não levou o navio.

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